Como 'Arcane' controla Tragédia, Trauma e Tom em Sua Escrita e Cinematografia

3 de janeiro de 2022

Ao adaptar videogames à televisão, você tem que estar consciente do material de origem, ao mesmo tempo em que encontra maneiras de atrair jogadores para um mundo onde eles não podem criar nada. Esta foi a tarefa dada à equipe por trás de Arcane: League of Legends. Esta série da Netflix acontece no universo de League of Legends e teve que superar todos esses obstáculos para se tornar uma das séries mais populares em todo o mundo.

Para fazer tudo isso, eles tiveram que equilibrar uma história repleta de tragédias e traumas e encontrar um tom que não parecesse muito triste ou arrastasse a história para baixo. A premissa do show é, "Em meio à crescente agitação entre a cidade avançada e utópica de Piltover e a imunda e reprimida Zaun, as irmãs Vi e Jinx encontram-se em lados opostos de uma guerra sobre ideologias distorcidas e tecnologia arcaica."

Como Arcane controla tragédia, trauma e tom em sua escrita e cinematografia?

Depois de estrear no Top 10 da Netflix e ganhar uma segunda temporada, Arcane tem sido o grande assunto do momento. Seu estilo de animação moderna ajuda a solidificar a construção do mundo e o universo apresentado. Dentro do seriado, a história, personagens, temas e tons são tão complexos quanto o visual.

O tema de Arcane é a dualidade na vida; ele assume o bem e o mal, a tradição versus o pioneirismo, e a segurança versus o perigo. Essas dualidades se apresentam em toda a série. Muitas vezes vemos isso nas perspectivas dos personagens e dos mundos que habitam. Em mundos privilegiados, vemos as pessoas se sentirem seguras, especialmente crianças. À medida que o mundo desmorona, vemos tudo isso despido. De repente, o perigo está em toda parte, as crianças estão morrendo, e a face do mundo muda. Enquanto Vi e Powder vivem na subcidade, os ricos em Piltover, a "Cidade do Progresso" (como Jayce e Viktor) ficam dentro dos tons mais claros da história e nas escolhas de cores.

Há muita dualidade em cada elemento dessa narrativa. Temos personagens opostos, cidades, e tudo se resume à vida e à morte, que é a maior dualidade de toda a existência. Nada disso é objetivamente certo ou errado. Ocorre em uma área cinzenta que força você a entender a motivação de cada pessoa.

Isso é apoiado pelo visual da série que se torna mais escuro, com cores mudas e um estilo de edição mais frenético.

Claro, isso também muda o tom da história. O tom da série muda de mais claro nos episódios anteriores para escuro e dramático, com uma linha tênue de melodrama. Mas essa mudança reflete a dualidade temática com uma história leve e reconfortante que puxa o tapete para fora de nós à medida que progride.

Uma das partes mais fortes do seriado é que eles não perdem tempo explicando muito certos detalhes. A história é apresentada e o público é que tem que prestar atenção na tela para entender o mundo e como ele funciona. Essas camadas proporcionam um verdadeiro drama e criam personagens em que nos importamos e torcemos.

Fonte: No Film School